CRÔNICA DO JAGUAR
Neandertal moderno
Por Cartunista

Eu poderia constar no livro Guinness dos Recordes como “o único jornalista do planeta que não tem e-mail”. Quem pede o meu e-mail vai da indignação (pensa que estou debochando) ao pasmo (ao ver que estou falando sério). Virtualmente, eu não existo. Ou sou de uma espécie extinta, um homem de Neandertal, de 32 AG (antes de Gates, inventor do computador, que nasceu em 1956 ). Vou dar uma de profeta: mais cedo ou mais tarde, AC (antes de Cristo) será trocado por AG. Um amigo se ofereceu para criar um blog para mim. Evidentemente não tinha a menor idéia do que vinha a ser um blog. Pelo som, lembra um personagem que inventei na já remota época do Pasquim (1969-1990). Trata-se de Gastão, o vomitador, cuja característica era vomitar diante de qualquer coisa que o desagradasse (ou seja, quase tudo). Blog lembra a onomatopéia de ânsia de vômito, e que era seguida por uma monumental vomitada (bleargh!) Mas o cara tanto insistiu que acabei concordando com a instalação do tal blog. Em casa tinha toda a tralha: computador, escaner, impressora e tal porque Célia, que é professora universitária, usa a internet para orientar seus alunos de mestrado e doutorado. Quanto a mim, analfabeto virtual ou - para usar uma expressão que inventei - analfabite, ignoro totalmente o jargão do computador. Por exemplo: “baixar o aplicativo”` pra mim é grego, não tenho a menor ideia do que se trata. “O aplicativo está no alto?”. É verdade que esta crônica, como as anteriores, foram enviadas pela internet. Célia deixa tudo pronto. É só digitar o texto, coisa que aprendi nos 17 anos que trabalhei como datilógrafo no Banco do Brasil. Depois ela corrige os erros de português e envia para o editor da página. Mas, voltando ao blog. Meu amigo avisou que já tinha instalado. “E daí? Que faço agora com esse blog?”. “O que quiser: cartuns, crônicas, palpites, o que lhe der na telha”. Foi o que fiz, é claro que com ele sentado ao meu lado. Escolhi um velho cartum publicado na saudosa Revista da Civilização Brasileira, uma tira dos Chopnics (história em quadrinhos que fazia em parceria com Ivan Lessa), que saiu na revista do Dinner´s, dirigida pelo Paulo Francis, e uma piada que João Ubaldo me contou na antiga churrascaria Plataforma(leia abaixo). Pouco depois começaram a chover comentários, uns elogiando, outros me esculhambando. “Quem são esses caras? O que eles querem?”. “São os seus seguidores”, explicou meu amigo. “Mas não quero que ninguém me siga!”. Ele explicou que era tarde, não tinha mais volta, eu já estava no espaço virtual. “E se me jogar pela janela? Meus seguidores vão fazer o mesmo?”. “Por que não experimenta?”, respondeu.
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A piada do João Ubaldo é muito boa: o novo rico mandou o filho estudar inglês na universidade de Oxford. Dois meses depois ligou para ele e perguntou como ia o seu inglês: “Está no banho, papai´”.
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